Líbia - O Esplendor da Roma Antiga na África
Você sabe dizer onde fica a Líbia?Que mar banha o país? Qual é a sua capital? Com que países faz fronteira?
Caso a Nação não estivesse em tamanha evidência, em razão dos atuais conflitos políticos, acertar a resposta a todas as questões seria um grande feito. Muito se tem falado sobre a atual situação de caos na Líbia, mas pouco se sabe sobre esse país, que abriga monumentais riquezas arqueológicas, arrebatadoras belezas naturais e uma cultura milenar ímpar. Aventurando-se no deserto ou mergulhando na história, uma viagem à Líbia é sempre uma experiência inesquecível. Comandada com punho de aço pelo ditador Muammar Gaddafi, há quase 42 anos, já foi assentamento de antigos povos, os quais deixaram legados, que, hoje, encantam qualquer visitante. Situada no norte Africano (a poucas horas do sul da Itália), e banhada por 2 mil km pelo mar Mediterrâneo, a Líbia é o recheio do sanduiche entre a Argélia e o Egito, fazendo fronteira, ainda, com a Tunísia, Chade, Níger e Sudão. A Líbia foi fundada no século VII a.C. pelos fenícios, que a chamaram de Oea.Por ali passaram (cronológica e historicamente)os fenícios,romanos, vândalos, bizantinos, árabes, espanhóis, turcos, berberes e italianos. Os italianos permaneceram em Trípoli de 1011 até 1951, quando finalmente a Líbia conquistou sua independência do domínio italiano. A capital Trípoli é a maior e a mais populosa cidade da Líbia. É em Trípoli que fica a sede do governo central e o palácio de Gaddafi, ah...mas dele, a gente só vê (e por fora) as inexpugnáveis muralhas que o cercam e casamatas ao longo, a cada par de metros, onde soldados da guarda do ditador se enfurnam nas armas antiaéreas, sempre voltadas para o céu, como se o ataque fosse iminente, mesmo antes de ocorrer o conflito. Etimologicamente, o nome Trípoli vem do grego (tri polis), que significa três cidades. Em Trípoli não faltam avenidas largas, arborizadas, como a movimentada “SahaHadra”, também chamada de “Green Square”. No centro da cidade nova elevam-se os espigões e os Hotéis de luxo, onde pulsa o centro econômico e administrativo do país. Mas a cidade velha (cidadela) mantém a atmosfera árabe com aqueles deliciosos mercados de quinquilharias (Souk), distribuídos em um emaranhado de ruelas, com lojinhas de roupas, tapeçaria, artesanatos típicos, especiarias, numa profusão de cores e aromas que invadem o ar dos labirintos. Depois de um passeio a pé pelo Souk (mercado), nada melhor do que sentar num glamoroso café, onde os clientes locais colocam o assunto em dia fumando o narguilé (tradicional cachimbo d’água). Durante o período de ocupação romana, a cidade adquiriu o status de Cidade Romana mais importante da ÁFRICA. A proximidade com a Itália (o norte da Líbia fica a 800 km da Sicília, no mar Mediterrâneo) influenciou os imperadores romanos na África,que deixaram legados de grande riqueza arqueológica, hoje tombados pela UNESCO como patrimônio da Humanidade. É o caso das antigas cidades romanas de SABRATHA e LEPTIS MAGNA. Essas magníficas cidades romanas situadas ao longo da costa mediterrânea da Líbia devem seu esplendor ao Imperador “SEPTÍMO SEVERO”(ano 193 a 211 d.C). Sabratha fica na costa de Sidra, a cerca de 80 Km a oeste de Trípoli. No final do século II, o imperador Septímio Severo quis transformar a sua cidade natal em uma metrópole comparável à Roma, capital do império romano, construindo monumentos arquitetônicos colossais e decorados de forma extraordinária. O teatro romano de Sabratha, um dos mais belos e bem conservados do mundo antigo, possuía um palco de três níveis, decorado com colunas e com espaço para 5 mil espectadores. A entrada principal estava orientada para o mar. Os artesãos utilizaram mármore branco e rosado para a realização dos delicados baixos relevos. O edifício, de grandes dimensões, pode ser avistado de longe e está circundado por uma grande extensão de ruínas, que contam a história e o cotidiano dos romanos. Leptis Magna fica a cerca de 120km a leste da capital Trípoli, junto ao golfo de Sidra. O imperador romano Septimio Severo concebeu em Leptis Magnaum ambicioso projeto urbanístico, que superava tudo o que havia sido realizado até o momento, inclusive em Sabratha. Construiu outra cidade com um colossal teatro, um novo fórum, amonumental basílica, saunas e os banhos romanos, além da arena para os esportes ladeada por colunas. O magnífico Arco do Triunfo é um dos monumentos que integram a grande metrópole e dá acesso a essa esplendorosa cidade romana da África. A imponência dos edifícios de Leptis Magna pode ser observada no Teatro romano, inaugurado no primeiro ano da era cristã. Estive na Líbia pouco antes de iniciarem os conflitos. Encontrei um povo gentil, acolhedor e sorridente, mas com a expressão travada pelas amarras da ditadura. Na época, a insatisfação era velada, quase incontida, que só tomou força inspirada pela revolta dos vizinhos Tunísia e Egito. Como diz o poeta “Um reino imposto à força nunca vai durar”, principalmente um reino que impõe ordem através do medo e do terrorismo. A coragem não é a ausência do medo, mas a ausência do medo com a coragem de seguir em frente. Esperamos que o povo líbio conquiste um Estado pacífico e soberano, norteado pela democracia. Aqui vai um voto de boa sorte para meu guia líbio Salah, esperando que ele continue vivo para saborear a democracia que tanto almejou. |