MONGÓLIA
Exótico e inexplorado, o país mantém tradições nômades e é povoado por mais animais do que gente
Márcia Pavarini -Texto e Fotos
(todos os direitos reservados)
Das ruínas da cidade de Karakorum, antiga capital mongol fundada por Gengis Khan, às areias douradas do deserto de Gobi, a Mongólia surpreende os viajantes, não só pela beleza intocada das paisagens, mas também por seu maior patrimônio: o povo e suas tradições, seus cavalos, suas águias, os festivais, o folclore e a culinária, além da extraordinária cultura. São essas e outras particularidades, que o visitante pode explorar ao longo da visita, que elevam o país ao patamar dos destinos mais exóticos e inexplorados da Ásia e fazem da viagem uma experiência única e inesquecível.
Florestas, montanhas, pradarias, cânions, lagos e rios de degelo, cachoeiras, vales, platôs infinitos (áridos e semiáridos), estepes e o emblemático deserto de Gobi, compõem o cenário do país, tornando a Mongólia um dos últimos redutos de beleza intocada deixados neste planeta.
E é, justamente, este cenário de contrastes da natureza e a herança da cultura tribal, que ditam a genuína maneira nômade do cidadão mongol. A CAPITAL ULAN BATOR A capital Ulaanbaatar (com pronúncia “Ulan Bator”) é a porta de entrada da Mongólia e o primeiro contato do visitante com o país. É de lá que partem todos os tours pelo interior da Nação. Localizada a 1.350 metros de altitude, Ulan Bator é considerada a capital mais fria do mundo. Bastam algumas horas no país para descobrir a hospitalidade do povo. O mongol é amistoso, sorridente e bem humorado. |
Encravada entre a China e Rússia, a Mongólia é um país imenso
e pouco populoso. Na imensidão das suas
estepes, existem mais cavalos, rebanho de gado, ovelhas, cabras, camelos e
yakes do que gente. São 26 milhões de animais de pastagem para apenas 2.8
milhões de habitantes, o que dá oito animais por pessoa.
Os animais constituem um símbolo de status, fortuna pessoal e vale como uma poupança. É comum ver anúncios oferecendo 10 mil ovelhas em troca de um veículo 4x4 e vice versa. Conhecida como o “país do céu azul” (com 250 dias de sol ao ano, que brilha num céu azul anil) mantém tradições milenares e a genuína cultura de seus ancestrais. |
O QUE VER EM ULAN BATOR
Dois ou três dias são suficientes para visitar o que a cidade tem a oferecer. O “city tour” inclui a visita ao simples, mas singelo templo budista de estilo tibetano, Gandan, com sua monumental estátua de buda de 23 metros, recoberta com um grande numero de pedras preciosas. Do lado de fora, seus magníficos rolos dourados de oração com mantras tibetanos, dão ao local um ar místico. Muitos dos monastérios budistas na Mongólia foram destruídos durante o regime comunista, que durou até 1990. Um dos únicos que restaram foi o Gandan, onde já viveram 400 monges. Outro passeio na capital é a excursão ao memorial de guerra Zaisan, estrategicamente edificado sobre o cume da montanha do mesmo nome, (em honra aos soldados soviéticos mortos durante a II Guerra) de onde se tem uma vista panorâmica de 360º da cidade. São mais ou menos 300 degraus até o topo. |
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Depois do vai e vem pela cidade, a ordem é comer. Simples ou sofisticados, os restaurantes e as redes de lanchonetes e churrascarias reservam no cardápio os pratos típicos, como o “buuz”, trouxinhas recheadas de carne de carneiro, cozidas no vapor, ou o “khuushuur”, na versão frita, pastel e a consistente sopa de verdura com pedaços de carne gordurosa. As refeições são regadas a chá, ou Vodka, gosto herdado dos russos. Falando em chá, a Mongólia já foi rota do Chá entre a China e a Rússia.
A atividade é intensa, mas nem pense em ficar cansado, pois à noite, o programa é imperdível. Um show de dança e canto típicos, no Teatro Nacional de Folclore “Tumen Ekh” vai te surpreender. A performance desenrola-se com vários números, onde os artistas tocam instrumentos inusitados, dançam com vestimentas exóticas e cantam, emitindo sons guturais, únicos, não só na Mongólia, como no planeta. O som metálico gutural emitido lembra o longo canto da cigarra, e são poucos os que conseguem atingir esse som.
FESTIVAL DE NAADAN A época mais apropriada para visitar o país é no verão, especialmente durante o popular e tradicional festival anual de Naadan, (de 11 a 13 de julho), o mais importante feriado nacional e religioso, com origem no século 13º, criado ao ensejo da proclamação do grande império mongol, pelo conquistador Temuujin, coroado como Chinggis Khan (Gengis Khan) O Naadan é comemorado com grandes eventos esportivos - como competições de arco e flecha, corridas de cavalos e luta livre e, também, eventos culturais (canto, dança, culinária típica). Outra competição popular do Naadan é o “shagai”, jogo de tabuleiro, onde usam ossos de tornozelo de ovelha como dados. >>>>>> |
Nas tendas coloridas, dispostas ao redor do grande gramado, (onde acontecem as competições), os organizadores distribuem cubinhos de queijo e rosquinhas à vontade. O leite azedo de égua é uma honraria que o visitante jamais deve declinar, por mais dramático que seja o sabor. Ele é servido em cuias, que passam de pessoa para pessoa. A cuia com o
leite é oferecida com ambas as mãos, em sinal de reverência e respeito, e deve, também, ser aceita com as duas mãos. O leite azedo de égua é símbolo de fartura e não pode faltar em qualquer ocasião, seja nas comemorações ou no cardápio diário das famílias. |
A rainha das competições, é a corrida de cavalos. Este centenário esporte do país tem como cenário os planaltos de pastagens. Aproximadamente 400 cavalos participam da corrida, divididos em seis categorias de idade. A distância a ser percorrida é de 20 a 30 quilômetros, dependendo da idade do cavalo. Crianças, com apenas 7 anos de idade, já podem participar das corridas.
ITINERÁRIOS
Depois da incursão pela capital, está na hora de conhecer o coração do país, suas estepes e seu deserto, o povo nômade e seus costumes, cruzando com as mais exuberantes paisagens que a natureza poderia presentear o homem.
Logo cedo, os veículos 4x4 partem de Ulan Bator, deixando para trás a agitação e o asfalto da cidade. Aos poucos o cenário vai se transformando, e quando a gente se dá conta, já está em outro mundo.
Meu grupo optou pela excursão de 14 dias, num circuito “oval” de mais de dois mil quilômetros
O itinerário (que atravessa estepes, montanhas, vales, platôs semi desérticos e o deserto de Gobi) cobre as principais atrações do país, como: a simbólica ruína de Karakorum - a capital do império mongol-; o antigo monastério Erdene Zuu(1586), circundado por uma muralha com 108 stupas.
O passeio segue para a cachoeira de Orkhon, cujo caminho atravessa rios e pastagens verdejantes, numa indescritível beleza; as ruínas do monastério/museu Bari Yonzon Hamba (século 18º), onde houve a chacina de quase mil monges e Lamas durante a ocupação russa.
ITINERÁRIOS
Depois da incursão pela capital, está na hora de conhecer o coração do país, suas estepes e seu deserto, o povo nômade e seus costumes, cruzando com as mais exuberantes paisagens que a natureza poderia presentear o homem.
Logo cedo, os veículos 4x4 partem de Ulan Bator, deixando para trás a agitação e o asfalto da cidade. Aos poucos o cenário vai se transformando, e quando a gente se dá conta, já está em outro mundo.
Meu grupo optou pela excursão de 14 dias, num circuito “oval” de mais de dois mil quilômetros
O itinerário (que atravessa estepes, montanhas, vales, platôs semi desérticos e o deserto de Gobi) cobre as principais atrações do país, como: a simbólica ruína de Karakorum - a capital do império mongol-; o antigo monastério Erdene Zuu(1586), circundado por uma muralha com 108 stupas.
O passeio segue para a cachoeira de Orkhon, cujo caminho atravessa rios e pastagens verdejantes, numa indescritível beleza; as ruínas do monastério/museu Bari Yonzon Hamba (século 18º), onde houve a chacina de quase mil monges e Lamas durante a ocupação russa.
A excursão continua pelo Bayanzag, conhecido por Penhascos Flamejantes (Flaming Cliff). Assim chamado, porque ao por do sol o arenito avermelhado dá uma beleza surreal à paisagem.
Bayanzag é um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo. Em 1922, o americano Roy Chapman Andrews descobriu o primeiro ninho de ovos de dinossauro e mais de cem ossadas desse animal pré-histórico. É no oitavo dia, que a viagem atinge o seu clímax: a visita ao deserto de Gobi. Seguindo (ainda) em direção ao sul a uns 500 km de Ulan Bator, fomos nos aproximando de um maciço - que separa o planalto ressequido e pedregoso da paisagem semidesértica - passando por uma espécie de corredor entre as duas montanhas. O trajeto dá numa colina, de onde se tem uma soberba vista da “língua” de dunas que se estendem pelo horizonte a perder de vista: é o Gobi Khongor Sand Dune se apresentando. Ele foi tombado pela UNESCO, como patrimônio da humanidade. |
DESERTO DE GOBI - Khongor Sand Dune – UNESCO
O Gobi, como um todo, estende-se por 1.600km de leste a oeste, e 800 km de norte a sul (onde faz fronteira com o norte da China), mais ou menos do tamanho do estado brasileiro do Pará. O mais interessante, é que as areias ocupam apenas 3% de todo o deserto. As dunas de areia têm somente 100 km de comprimento e 12 km de largura, e as maiores dunas atingem até 300 metros de altura.
Chega, enfim, o momento mais esperado da “expedição”: explorar as dunas douradas, andar a camelo e visitar as tendas (gers) das famílias nômades.
Chega, enfim, o momento mais esperado da “expedição”: explorar as dunas douradas, andar a camelo e visitar as tendas (gers) das famílias nômades.
GELEIRA NO DESERTO, inacreditável!
O próximo “pit stop” é na Yolyn Am, ou Vale da Águia, que descortina uma pitoresca paisagem formada por gargantas e cânions. Próximo dali, fica o Dungene Valley, no Parque Nacional de Gobi Gurvan Saikhan, onde o que parece impossível acontece: uma geleira, entre dois penhascos, permanece intata durante o verão do deserto.
ESTÁTUA GIGANTE DE GENGIS KHAN
Localizada numa colina sobre o Vale Erdene Saun, a 54 km (ainda a nordeste) de Ulan Bator, a estátua de Gengis Khan consta do Guiness Book, como a maior estátua equina do mundo. Ela tem 40 metros de altura e pesa 250 toneladas de aço, com um custo aproximado de quatro milhões de dólares. Um elevador leva ao deck, sobre a cabeça do cavalo, de onde se tem uma vista panorâmica de todo vale. A estátua faz parte de um parque temático, e abriga um restaurante, no mezanino, onde servem carne de cavalo.
De volta a Ulan Bator, o viajante traz na bagagem a leve impressão de que os bens materiais não são sinônimos de felicidade.
Depois de algum tempo em solo mongol, observando a serenidade do povo, que parece não ter a mesma noção de tempo do que nós, ocidentais, e convivendo com a simplicidade, a herança cultural e a filosofia de vida local - onde a regra é o respeito às tradições - não parece difícil seguir os preceitos que regem o “savoir vivre” da população, que prega: “seja descontraído, seja paciente e tenha bom humor”.
De volta a Ulan Bator, o viajante traz na bagagem a leve impressão de que os bens materiais não são sinônimos de felicidade.
Depois de algum tempo em solo mongol, observando a serenidade do povo, que parece não ter a mesma noção de tempo do que nós, ocidentais, e convivendo com a simplicidade, a herança cultural e a filosofia de vida local - onde a regra é o respeito às tradições - não parece difícil seguir os preceitos que regem o “savoir vivre” da população, que prega: “seja descontraído, seja paciente e tenha bom humor”.
COMO CHEGAR;
Quem resolve visitar esse longínquo canto do mundo, deve estar preparado para encarar a longa viagem e a maratona de escalas. Várias companhias aéreas servem o local: a Turkish Airlines, Korean, Air France, KLM e Lufthansa, com duas ou mais escalas em outros países para se chegar até a capital, Ulaanbaatar.
Porém, fazer turismo por conta própria pela Mongólia não é “um passeio no parque”. Além do empecilho do idioma - poucos são os que falam Inglês - as distâncias são enormes entre os pontos de interesse. É necessário contar com um veículo 4x4, guia e motorista experientes, uma vez que, as estradas, na maioria das vezes, não passam de trilhas que cortam a imensidão das estepes (que se estendem até o horizonte), sem qualquer ponto de referência. É possível viajar por horas a fio sem cruzar com viva alma, considerando que os animais não possuem alma. Por isso, o passeio independente é totalmente desaconselhável, senão impossível.
Assim, o mais conveniente é adquirir um tour com uma operadora de viagem no Brasil, (como a Highland, por exemplo, que possui correspondentes no país), ou contratar operadores locais (o que pode ser feito pela internet) capazes de oferecer todas as facilidades, com tudo incluído e várias opções de circuitos (entre os mais cotados “tour operators”, estão a “Discover Mongolia” http://www.discovermongolia.mn/ ) e a “Nomadic Expedition (www.nomadicexpedition.com ).
Quem resolve visitar esse longínquo canto do mundo, deve estar preparado para encarar a longa viagem e a maratona de escalas. Várias companhias aéreas servem o local: a Turkish Airlines, Korean, Air France, KLM e Lufthansa, com duas ou mais escalas em outros países para se chegar até a capital, Ulaanbaatar.
Porém, fazer turismo por conta própria pela Mongólia não é “um passeio no parque”. Além do empecilho do idioma - poucos são os que falam Inglês - as distâncias são enormes entre os pontos de interesse. É necessário contar com um veículo 4x4, guia e motorista experientes, uma vez que, as estradas, na maioria das vezes, não passam de trilhas que cortam a imensidão das estepes (que se estendem até o horizonte), sem qualquer ponto de referência. É possível viajar por horas a fio sem cruzar com viva alma, considerando que os animais não possuem alma. Por isso, o passeio independente é totalmente desaconselhável, senão impossível.
Assim, o mais conveniente é adquirir um tour com uma operadora de viagem no Brasil, (como a Highland, por exemplo, que possui correspondentes no país), ou contratar operadores locais (o que pode ser feito pela internet) capazes de oferecer todas as facilidades, com tudo incluído e várias opções de circuitos (entre os mais cotados “tour operators”, estão a “Discover Mongolia” http://www.discovermongolia.mn/ ) e a “Nomadic Expedition (www.nomadicexpedition.com ).